Quando começaram a pipocar os boatos de que Carolina Dieckmann estaria se envolvendo com Paulinho Vilhena, seu par romântico na novela "Três irmãs", seu marido, o diretor Tiago Worcman, foi pedir explicações.
— Ele me perguntou: "Carol, o que está rolando?". E eu disse: "Nada. As pessoas inventam o que querem". Cago solenemente para o que falam de mim.
Carolina é assim. Não escorrega em respostas, não foge de assuntos e não usa meias palavras para dar sua versão dos fatos. Quando começa a expressar suas ideias, torna-se gigantesca para quem tem apenas 1,60m.
— Não tenho essa necessidade de passar para todo mundo como estou, não preciso ficar exibindo meu bom humor — diz ela, que se considera tímida: — O que sinto, defendo e acredito é mais importante do que qualquer coisa externa.
Muito se fala de Carolina. Que é linda, que é a atriz de maior credibilidade da Globo, que é boa mãe... Mas, na contramão das qualidades, tem sempre um defeito apontado por quem nem mesmo a conhece. O mais comum deles: Carolina é antipática.
Pude testemunhar essa opinião num táxi. O motorista ouviu parte da gravação da entrevista que ela deu à Canal Extra enquanto me trazia até o jornal. Sem titubear, disse: "Essa Carolina Dieckmann é muito enjoadinha, né?". Sorri e disse para ele ler a reportagem de capa da revista e que, aí sim, tirasse suas próprias conclusões. A minha é a de que quem sempre fala o quer está suscetível a julgamentos. E Carolina é assim.
— Já se arrependeu de ter dado alguma declaração que possa ter sido polêmica?
— Ser polêmica é cafona demais. Ao mesmo tempo, me cobram opiniões. E é muito difícil não ser eu mesma. E o mais grave de tudo: não minto. Não vou mentir para parecer politicamente correta, isso apimenta as coisas. Não sei te dizer do que exatamente me arrependi. Mas não tenho muita habilidade em ser escorregadia, falar que não falo da minha vida pessoal, não tenho esses vícios de celebridade, porque não sou uma. Sou uma atriz que, de vez em quando, dá uma entrevista, fala as coisas que pensa.
O meu blog me ajudou pra caramba.
— É sua forma de extravasar?
— Quando tem qualquer coisa que acho que não ficou bem-resolvida, vou para o blog. Quanto mais eu desmentia no blog, menos as pessoas mentiam a meu respeito. Eu quase não leio nada de ruim sobre mim. A não ser essas fofocas, essas bobagens.
— Você diz que não liga para boatos. Mas ao seu redor tem seus filhos, sua mãe, seu marido... Como eles encaram todo esse tititi em torno do seu nome e o do Paulinho Vilhena?
— Minha mãe, por exemplo, nunca me perguntou. Meu filho, muito menos. Quando começaram a sair coisas, alguém falou com o Tiago e ele me perguntou: "O que está rolando?". Disse: "Nada, é assim. As pessoas inventam". Agora sou eu e ele, a Juliana Paes e o Márcio Garcia, já falaram da Mariana Ximenes e do Cauã Reymond... Alguém me fotografou beijando o Paulinho para explicar essa história? Acho que a única pessoa que poderia ficar chateada com isso tudo é o Tiago, mas ele não vê nem lê sobre isso. Encontrei o Paulinho na praia e já falaram que fomos juntos. E olha que coisa louca... Na hora de me despedir, disse: "Tchau, Paulinho, estou indo embora". E depois, quando cheguei ao Projac, ele perguntou: "Carol, você ficou chateada comigo por alguma coisa? Porque falou tchau pra mim de longe...". Quer dizer, eu nem fiz uma coisa normal, que é dar dois beijinhos e um abraço por causa do paparazzo. Nem me dei
conta de que tinha agido diferente, e não precisava fazer isso.
— Sempre foi desencanada com o que falam sobre você?
— Claro que já fiquei mais assustada com isso, mas hoje cago solenemente. Quando namorava o Marquinhos (Marcos Frota, com quem foi casada), tinha muita maldade por ele ser mais velho, e isso me deixava irritada. Faustão falou uma coisa que agora para mim é lei: "Todo boato tem um fundo de malda-
de". As pessoas não falam nada por acaso. Elas comentam porque têm maldade, querem fofocar. Quando era com o Marquinhos, lembro que ficava louca, porque eu tinha um instinto de proteção com ele, de querer que nada manchasse a imagem dele. Marquinhos sempre foi o cara mais correto e do bem que eu já
conheci na vida, e eu virava bicho.
— Como foi ver pessoas comuns falando de você no "Faustão"?
— Foi o máximo, sabia? Concordei com 80%. A primeira entrevistada disse que eu era antipática e pude responder pela primeira vez, ao vivo, num programa com uma audiência considerável, o que aconteceu, porque nunca tinha tido uma imagem de antipática. Nunca fui de me ligar muito nisso, mas é chato. Ficava um ranço. Nasceu por causa de uma brincadeira que eu não aceitei (feita pelo "Pânico"). Não tenho habilidade para dizer só o que é politicamente correto.
— Trouxe problemas ter falado que não faria a mesma coisa que Luana Piovani no episódio entre ela e Dado Dolabella, seu amigo de infância?
— Poderia ter trazido, poderia ter me encontrado com a Luana e ela ter se chateado, mas não aconteceu. O que me incomoda nessa história, especificamente, é o quanto ficou público uma coisa que é um problema do casal. Agora, então, nem se fala... O quanto as pessoas se metem, se sentem no direito de julgar, de falar quem está certo ou errado. Ninguém sabe o quanto eles estavam bêbados. Eu, que sou amiga do Dado, nunca cheguei para ele e questionei: "Dolinha, o que rolou?". Não tenho coragem. Enquadraram ele numa lei que é sobre violência doméstica, mas ele não bateu nela dentro de casa. Essa é uma lei feita para mulheres que não têm condições de se proteger. Fazem uma coisa tão monstruosa, enquadram o cara numa lei que não é o que aconteceu e aí já vira um teatro. Essa história me irrita muito. Que palhaçada!
— Você se diz tímida. O quanto a timidez a atrapalhou e o quanto a preservou?
— Me ajudou muito a preservar minha vida, meus filhos, a ter consciência de que a fama, todas essas coisas que a gente vive e a que as pessoas dão tanta importância, na verdade, não têm importância nenhuma. A timidez te coloca muito com o pé no chão. Sou uma pessoa tímida porque estou muitas vezes em contato comigo mesma. O que eu sinto, defendo e acredito, é mais importante do que qualquer coisa externa. Estou sempre em contato com minhas verdades, com minhas opiniões. Então, a timidez tem a ver com o meu jeito de lidar com a vida, com o mundo, mas é claro que tudo na vida tem o lado positivo e
o lado negativo.
— A fama de antipática, por exemplo?
— Não sou de falar muito, não consigo me vender. Tem gente que sabe fazer o marketing pessoal. Minha timidez também é para primeiros contatos. Depois que eu conheço a pessoa, não tenho timidez para falar. Mas não sou aquela pessoa aberta que sai na rua falando com todo mundo, extrovertida.
— Isso atrapalha a relação com o fã, que exige certo bom humor?
— Muitas vezes, estou de bom humor, mas não é aquele de estar sempre sorrindo. Meu bom humor não está explicitamente estampado na cara. Não acordo de manhã e falo: "Tiago, bom dia!" (fala como se fosse num comercial de margarina). Acordo feliz de estar na minha cama, de a vida estar boa, com saúde, de estar com meus filhos, mas não fico rindo a toda hora. Não tenho essa necessidade de passar para todo mundo como estou.
— O blog a ajuda a manter contato com seus fãs. Mas a internet propicia o anonimato e, por trás disso, podem estar mensagens também agressivas. Já se incomodou com isso?
— Já li várias vezes gente que vai no blog para postar comentários ruins, mas, ultimamente, esse pessoal vazou. Quando leio e as palavras são agressivas, isso me incomoda. Tenho dificuldade em lidar com agressividade. Quando fecho alguém no trânsito sem querer e sou xingada, ouço o grito, o palavrão, isso me desestabiliza um pouco. Fico triste. Mas não tenho pretensão de agradar a todo mundo, acho bobo.
— Você vai viajar com o Davi para a Disney, e comemorar os 10 anos dele. Só os dois. Como é deixar o José aqui enquanto se divertem lá?
— Vou me divertir e já estou me divertindo porque, graças a Deus, posso proporcionar isso ao meu filho. Tantas mães que batalham pra caramba e que gostariam de fazer o mesmo e não podem... É um presente estar bem de grana e poder oferecer isso a ele. Quanto ao José, as pessoas até me criticam. Minha mãe viajou para a Europa e ficou lá 80 dias quando eu tinha um mês. E ela sempre disse que a gente não pode deixar de fazer as coisas por causa dessa culpa que as pessoas confundem com amor incondicional. Não sou aquele tipo de mãe que sai e o filho chora para eu ficar em casa. Não fico culpada. Estou aqui por ele, por mim, pelo Davi, pelo meu marido, pela minha mãe, pela minha vida. Essa é a minha viagem com o Davi, nossa curtição.
— Ele já tem 10 anos. Está preparada para dar aquela engasgada na hora do almoço com alguma pergunta mais embaraçosa?
— Tenho muita vergonha das vezes em que estou com ele no carro e, de repente, alguém suspeito me olhar no sinal e ele perceber. Tenho vergonha de a gente viver num mundo tão violento. Eu fico preocupada. Como é que se explica para uma criança que sua ingenuidade pode ser violada com uma arma? O que se faz numa situação dessas? Isso me assusta. O resto é o que a pedagoga da escola fala: "Responde o que você sabe; o que não sabe, não tenha vergonha de não saber".
— "Três irmãs" termina dia 10. Como é se despedir de Suzana?
— É horrível em todos os aspectos. Quando a gente está acabando uma novela, geralmente está cansada, a vida está de pernas pro ar... No final da novela, você já está totalmente calejada com tudo, com intimidade com todos. Poderia ficar dois anos fazendo essa novela. Fui tão feliz gravando na praia, sem maquiagem. Adorei.
— Existe algum ritual para se livrar da personagem?
— Não corto o cabelo, essas coisas. Mas, da última vez, fiz um filho (José) no dia seguinte ao fim das gravações.
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